Por Dinovan Dumas
Encontrei o Danilo pela última vez no Bubu, em uma tarde nublada de um domingo recente. Era comum avistá-lo na mesa 11, bebericando e proseando com aquele sotaque rouco, pausado e encantador. Conversamos, nos abraçamos, rimos, nos cumprimentamos e partimos, ele para um lado, eu para o outro.
Benício, o meu mais velho, reconheceu o velhinho. Disse que tinha visto ele dando uma entrevista para a televisão e perguntou quem era o dono daquela boina clarinha que cobria a careca. Respondi sem titubear: um gênio, filho!
Nos conhecemos há uns 15 anos, em um evento na Sala São Paulo, apresentados pelo Secretário de Cultura da época. Estivemos distantes até 2018, quando ele foi nomeado para o Conselho de Administração da Associação dos Artistas Amigos da Praça, Organização Social de Cultura que é cliente do escritório e que responde pela gestão e operacionalização da SP Escola de Teatro, equipamento cultural pelo qual ele sempre transbordou imenso carinho.
Há algum tempo falávamos sobre impostos, carga tributária e afins. Enquanto eu viajava falando sobre fato gerador e hipótese de incidência, ele desfilava a sua sabedoria falando sobre educação e cultura, temas que poucas vezes vi alguém falar com tanto conhecimento, gosto e propriedade.
Danilo foi um humanista de gigantesca envergadura e um apaixonado pela arte. Esteve à frente do SESC-SP por mais de 40 anos, transformando a entidade uma potência inigualável (e imbatível). Amava Bertioga, cidade que minha mãe escolheu para viver os seus últimos 05 anos de vida. Entre outras coisas, essa era uma das questões que nos colocavam na mesma frequência.
Danilo se foi em um domingo, longe da mesa 11. A Adaap, a SP Escola de Teatro, o SESC-SP, a Cultura, o Brasil e o Bubu não serão mais os mesmos.
Bom descanso, camarada. E obrigado por tanto.
PS: O escritório Maciel, Fernandes, Basso e Dumas Advogados registra o imenso pesar, carinho e afeto a todos os seus familiares e amigos, em especial à sua fiel companheira, Cleo Miranda.